Quedas em casa: um risco silencioso para os idosos brasileiros
As quedas dentro de casa, muitas vezes vistas como acidentes banais, representam hoje um dos maiores problemas de saúde pública entre os idosos brasileiros. Os números chamam a atenção: segundo o Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil), um em cada quatro idosos que vive em áreas urbanas sofre pelo menos uma queda por ano.
O risco aumenta conforme a idade avança. Entre os idosos com 80 anos ou mais, a situação é ainda mais preocupante: quatro em cada dez caem anualmente, de acordo com o Ministério da Saúde.
De tropeços a internações
Embora nem toda queda resulte em fratura, as consequências podem ser graves. Levantamento nacional registrou 357 mil internações por quedas entre 2008 e 2021. A maioria dos casos envolve fraturas de quadril e fêmur, que demandam cirurgias, longos períodos de reabilitação e muitas vezes levam à perda definitiva de autonomia.
Um exemplo recente vem do Paraná: só no primeiro semestre de 2024, o estado registrou mais de 12 mil atendimentos médicos por quedas de idosos, segundo dados do Samu, Siate e da Atenção Primária à Saúde.
Onde e por que eles caem?
Grande parte das quedas acontece dentro da própria casa ou no entorno imediato, como quintais e calçadas. Os principais fatores de risco incluem:
- Problemas de visão e equilíbrio;
- Uso de múltiplos medicamentos, que podem causar tontura;
- Ambientes inseguros, com tapetes soltos, pisos escorregadios ou iluminação precária;
- Fragilidade muscular e redução da força física natural do envelhecimento.
Consequências além do físico
Além das fraturas e lesões, as quedas têm impacto psicológico importante. Muitos idosos desenvolvem medo de cair novamente, o que os leva a reduzir atividades do dia a dia, diminuir interações sociais e, em alguns casos, entrar em um ciclo de isolamento e depressão.
Como prevenir
Especialistas recomendam que as casas sejam adaptadas para reduzir riscos: instalação de barras de apoio em banheiros e corredores, retirada de tapetes, melhora da iluminação e uso de calçados adequados. Exercícios físicos regulares, como musculação leve, caminhada ou pilates, também ajudam a manter força e equilíbrio.
Programas de saúde pública vêm reforçando a importância da prevenção. “Cada queda evitada significa mais qualidade de vida e menos internações para o idoso”, destaca o Ministério da Saúde em suas campanhas.
Um desafio que cresce
Com o envelhecimento acelerado da população brasileira, os especialistas alertam: o número de quedas tende a aumentar se não houver políticas consistentes de prevenção e adaptação dos lares. Hoje, elas já são vistas não apenas como acidentes, mas como um marcador de fragilidade e uma das principais portas de entrada para a dependência na velhice.
📌 Fontes: Ministério da Saúde, Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil), Governo do Paraná, SciELO Brasil.